No próximo dia 06 de Novembro será realizado o ENADE (Exame Nacional de Desempenho de Estudantes), exame este que, em teoria, visa avaliar as universidades brasileiras e estabelecer parâmetros para a melhoria do ensino superior... Em teoria...
Na prática as coisas são bastante diferentes.
Por sua proposta metodológica não levar em conta as desigualdades sociais de cada região e, por não considerar as linhas de pesquisa dos professores e programas de cada universidade, o ENADE tenta forçar um padrão inviável à universidade brasileira. Padrão esse que só serve para evidenciar e agravar as incoerências e contradições vividas diariamente pelos estudantes e professores do ensino público brasileiro.
O ENADE vem para traçar um “rank” entre as universidades brasileiras. Com um sistema metodológico ineficiente, fundamentado no conceito de “conhecimento = mercadoria”, o ENADE serve como um “INMETRO” da educação superior, fazendo uma espécie de comparativo “custo-benefício” entre as universidades públicas e privadas. Nas universidades privadas, um bom desempenho no ENADE serve como propaganda gratuita, além facilitar e “justificar” o uso do dinheiro público para o financiamento dessas instituições através do “PROUNI”. No sistema publico os resultados são ainda piores, beirando a catástrofe, o ENADE serve como parâmetro para definir os investimentos em universidades. O raciocínio é bastante (i)lógico; a universidade que se sair melhor recebe mais do governo, a que se sair mau recebe menos, pior que isso, o governo ainda tem a petulância de ser omisso, como se não tivesse responsabilidade alguma com o problema, aumentando o abismo entre essas instituições. Esse sistema cria uma espécie de competição pelos recursos públicos que deveriam ser investidos a fim de sanar os problemas de cada universidade em particular, a fim de promover um melhor sistema de ensino. Mas o que esperar de um exame que nada mais é que uma tentativa de fortalecer o mercado educacional?
É por estes e outros motivos, que o boicote ao ENADE se torna a principal, se não a única forma de se fazer ouvir o protesto contra essa pseudo avaliação do ensino brasileiro.
É importante esclarecer que é totalmente falsa a história de que quem boicota o ENADE, não receberá seu diploma, ou no caso das faculdades particulares perderá sua bolsa ou seu financiamento, e não se preocupem não haverá divulgação individual dos resultados, se houvesse ultrapassaria o absurdo.
Pensem no ENADE como se fosse uma eleição, na qual você é obrigado a votar, mas não acredita em nenhum candidato, então o que você tem a fazer é votar nulo, para não se prejudicar e ao mesmo deixar claro sua insatisfação. O boicote é como o voto nulo, você comparece no local de prova, assina a lista de presença, mas ao invés de responder à avaliação que mercantiliza a educação, você cola o adesivo ou escreve “BOICOTE AO ENADE! POR UMA AVALIAÇÃO DE VERDADE.” Mostrando assim ao governo e a sociedade que não ficaremos de braços cruzados enquanto eles tentam transformar nossas universidades em meras fabricas de diplomas.
Por esses, e por inúmeros outros motivos que dariam um livro se continuássemos a mencioná-los. O Centro Acadêmico de Filosofia da UECE (Gestão: práxis), vem por meio desta nota, convocar todos os estudantes que foram solicitados a realizar tal exame a boicotar a prova, como uma forma de denunciar e lutar contra qualquer tentativa de privatizar e desqualificar as Universidades Brasileiras. Gostaríamos de salientar que o boicote não significa que somos contra a qualquer avaliação de ensino superior, apenas não queremos legitimar um processo que não se refere a qualidade, mas sim mercantilização. Devemos dar nota ZERO para o ENADE, pois uma avaliação se faz através da identificação dos erros e de propostas reais de soluções.
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