Nós da Associação Brasileira dos Estudantes de Filosofia (ABEF), juntamente com todos os Centros Acadêmicos (CA’s) e estudantes organizados do Brasil, vimos aqui esclarecer os motivos que nos levaram a boicotar o Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (ENADE).
O ENADE apresenta-se como uma avaliação institucional, na qual o estudante é examinado, tendo como objetivo verificar o desempenho deste, dentro da academia. Contudo, a avaliação caracteriza-se por ter um caráter punitivo e concorrencial, na medida em que o objetivo deste é buscar classificar as Instituições de Ensino Superior (IES) em rankings de acordo com a nota obtida no ENADE.
Tal sistema de avaliação vem sofrendo, com o decorrer dos anos, respectivos boicotes protagonizados pelo movimento estudantil. O ENADE reforça o modelo empresarial de educação, a concorrência entre as várias instituições e legitimam uma forma de punição as IES que não optarem por realizá-lo ou mesmo não obtiver um “bom” resultado.
Os motivos pelos quais nos levaram a boicotar o ENADE se expressam em negar o modelo de educação vigente, por acreditar que a escola não é uma empresa e por isto não deva passar por uma avaliação cujo objetivo central é mascarar a realidade das universidades em decorrência de notas e formas classificatórias.
Acreditamos que não apenas os estudantes devam ser avaliados, mas sim a universidade como um todo. A precarização do ensino, a falta de professores suficientes para cobrir todas as disciplinas, a falta de bibliotecas atualizadas, a falta de política de permanência do estudante (assistência estudantil) dentro da universidade, são fatores que devem ser levados em conta para entendermos como anda a nossa universidade. Não apenas uma avaliação sobre os estudantes, responsabilizando-o, de forma unilateral, o seu desempenho como sendo o desempenho de uma universidade.
Somos a favor de uma avaliação, desde que esta se proponha a verificar, em todas as escalas, como esta a universidade brasileira. Avaliando sua estrutura física, a quantidade e qualidade dos professores, avaliando se existe de fato uma política de assistência estudantil efetiva, que permita que o estudante menos favorecido financeiramente tenha condições materiais de concluir seu curso, levando em consideração as especificidades regionais (ao contrario de hoje, uma avaliação única para todo país).
Somos contra esta avaliação que mercantiliza a educação, servindo apenas de parâmetros para localizar uma instituição acima de outra. Por isso boicotamos o ENADE e convocamos os estudantes, não apenas de filosofia, mas também de todos os cursos, a se somarem nesta luta por uma avaliação de verdade e por uma universidade a serviço do povo.